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sábado, 18 de outubro de 2025

Guiné 61/74 - P27330: O vinho... pró branco de 2ª e pró tinto de 1ª (3): a ração diária do "tuga" seria de 1/4 de litro, o que dava 90 litros em média por ano, diz a "Sabe-tudo"

se


Guiné> Zona Oeste > s/l > s/d > O Augusto Silva Santos (ex-fur mil, CCAÇ 3306/BCAÇ 3833,
Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73) enchemos très generosos copos de vinho tinto "Pedras negras"... diretamente do garrafão de 5 litros...Era uma marca da Adega Cooperativa de Palmela, da  Região do Moscatel de Setúbal. Fundada em 1955,  iniciou a sua actividade em 1958.E esta marca de vinho deve ter sido lançada no início da década de 1970. Julgo ainda hoje existe.

Foto (e legenda): © Augusto Silva Santos (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Fizemos uma ronda pela "Sabe-Tudo", a IA,  que quando não sabe inventa... Na realidade, a IA está dependente das fontes disponíveis na Net. Há muita documentação e regulamentação do Exército, da época da guerra colonial, que não está disponível em suporte digital. E, em certas matérias, o nosso blogue é a única fonte citada!

As meninas assistentes de IA a que recorremos desta vez são as do ChatGPT, Perplexity, Gemini / Google, Meta, Deep Seek e Mistral... As mais "graneleiras" são o Deep Seek (a IA chinesa) e a Meta (EUA). A única europeia da lista é a Mistral (França), que faz concorrência às "americanas". Mas a Europa, infelizmente, está atrasada em matéria de IA...

Pergunta do editor LG:

Qual era a dose diária de vinho de um soldado português em África durante a guerra colonial ? Um copo à refeição, 1 ou 2 decilitros ? E como era fornecido o vinho, pela Manutenção Militar, na Guiné-Bissau ? Em garrafões de 5 litros, 10 litros ou mais ? Ou em barris de 50 litros ? Ou em bidões (metálicos) de 210 ? Havia problemas logísticos...


(1)  O vinho faz parte da missa, da mesa, do lazer, da festa, da paz e da guerra dos portugueses

  • Excelente questão,  e muito pertinente, porque o vinho fazia parte da ração e da cultura alimentar do soldado português em África, mas era também um elemento logístico complicado no contexto tropical da guerra colonial (ChatGPT).
  • Durante a Guerra Colonial (1961‑1974), o vinho fazia parte da ração diária dos soldados portugueses, tanto pelo seu valor calórico como pelo papel moral, sendo considerado um produto essencial, sobretudo em teatros como a Guiné-Bissau, onde as condições de vida eram difíceis. (Perplexity).
  • Esta é uma excelente pergunta que toca num ponto muito específico da logística e do quotidiano da Guerra Colonial. A resposta varia ligeiramente dependendo do teatro de operações (Guiné, Angola, Moçambique) e da fase da guerra, mas existem dados consistentes, especialmente com base em regulamentos militares e relatos de ex-combatentes (Gemini / Google).
  • Excelente pergunta, que toca num aspeto muito específico e revelador da logística e do dia-a-dia do soldado português durante a Guerra Colonial: o  vinho era visto como um complemento alimentar, um humilde conforto que ajudava a "quebrar a monotonia" e a lidar com o stresse, o calor e, nalguns casos, a água de má qualidade (...) (Deep Seek).

(ii) A ração diária de vinho do "tuga", segundo as NEP


(a) Segundo as instruções de alimentação das Forças Armadas (nomeadamente os regulamentos da Manutenção Militar vigentes desde os anos 1950 e adaptados à guerra colonial), a ração diária tipo incluía:


¼ de litro (250 ml) de vinho por dia,  normalmente dividido pelas 2 refeições (almoço e jantar).

Em algumas situações e unidades (por exemplo, tropas em operações prolongadas ou zonas de maior isolamento), a dose podia ser reduzida ou substituída por sumos concentrados, cerveja (quando disponível) ou mesmo nada, devido a dificuldades logísticas.

Em termos práticos, portanto, o soldado recebia cerca de um copo grande de vinho por dia,  o equivalente a 1 a 2 decilitros por refeição (ChatGPT).

(b) A dose oficial era de ¼ de litro de vinho por dia

A dose normal regulamentar era de aproximadamente 1 decilitro por refeição, o que equivalia a 2 decilitros por dia, seguindo instruções da Manutenção Militar e regimentos de campanha aplicáveis desde os anos 1950. 

Em contextos de campanha ou em zonas operacionais isoladas, esta dose podia ser reduzida ou substituída temporariamente (?) por cerveja, aguardente, ou refrescos artificiais, dependendo das condições de transporte e conservação. 

Falso: na falta do vinho, não havia compensações (LG).


Na prática, segundo testemunhos de ex-combatentes, muitos quartéis e destacamentos improvisavam: um copo pequeno ao almoço e outro ao jantar era a norma, frequentemente partilhando o que existia entre vários militares (Perplexity).


(c) A tua estimativa está muito próxima da realidade, mas a dose-padrão era, na verdade, um pouco mais generosa. A "ração oficial", A ração de vinho estipulada para os soldados (praças),  era, mais comummente, de 0,25 litros (um quarto de litro) por refeição principal (almoço e jantar).


Total diário: isto perfazia um total de 0,5 litros (meio litro) de vinho por dia por soldado.

Este vinho, conhecido como "vinho de rancho", era geralmente vinho tinto comum, fornecido como parte integrante da ração de combate (?) ou do rancho no aquartelamento (Gemini / Google).
 
Falso: a  ração de combate não incluía álcool de qualquer espécie.  Alguns militares podiam levar  parao  mato, por sua conta e risco, um frasco de uísque. Por outro lado, meio litro de vinho  "per capita"  elevava o consumo mensal para o dobro, e levantava problemas logísticos adicionais. (LG).


(d) A dose diária de vinho para soldados portugueses durante a Guerra Colonial em África variava, mas historicamente era comum fornecer vinho como parte da ração diária. 


Embora não haja informações específicas sobre a quantidade exata, um copo à refeição ou 1 a 2 decilitros seriam razoáveis, considerando as recomendações atuais de consumo moderado de vinho (Meta).


(e) A tua estimativa está bastante correta. A dose oficial, estabelecida pela Manutenção Militar, era de 2 decilitros (dl) por dia, o que equivale a um "copo de vinho" padrão (cerca de 200 ml). Mas a distribuição real estava sujeita aos caprichos da logística de guerra.


Esta quantidade estava prevista nos regulamentos de subsistência. Era considerada uma ração de campanha, semelhante à de outros géneros como o pão, a carne ou o tabaco.

Falso: em 1961/74, não havia ração de tabaco (LG)

Na prática,  distribuição desta dose nem sempre era diária. Dependia criticamente das condições logísticas. 

Em situações de operação prolongada no mato, o vinho (e outros suprimentos) podia não chegar durante dias ou semanas. Quando chegava, por vezes era distribuída a "ração acumulada" de vários dias de uma só vez. (Deep Seek)

Falso: não havia distribuição de vinho em operações. Muito menos acumulação de rações. (LG)

A dose regulamentar era, de facto, de 2 decilitros (0,2 litros). No papel, era isso. No terreno, como bem sabe, a realidade era diferente: "Era pouco", dizes tu. Esta tua observação é crucial. A ração oficial era considerada insuficiente por muitos. A forma como era realmente consumida dependia da unidade, do abastecimento e da dinâmica interna. Era frequente os soldados juntarem as suas rações ou adquirirem garrafas adicionais através de compras ou trocas, quando possível.

A tua menção implícita aos problemas logísticos confirma que a distribuição não era diária nem certa. A ração de vinho acumulava e era distribuída quando o reabastecimiento chegava, o que podia significar consumir quantidades superiores de uma só vez (Deep Seek).


(f) Durante a guerra colonial portuguesa, os soldados em África, especialmente na Guiné-Bissau, frequentemente recebiam vinho como parte da sua ração diária. 

A dose média variava, mas, em geral, era comum a atribuição de um copo por refeição, o que se traduz em cerca de 1 a 2 decilitros (100 a 200 ml) por refeição, dependendo das circunstâncias e da disponibilidade (Mistral).

Documentação da Manutenção Minitar (ChatGPT):

Não encontrei (nas fontes que verifiquei) nenhum excerto de regulamentos oficiais ou documentos da Manutenção Militar que confirmem explicitamente uma dose diária de ¼ litro de vinho ou que detalhem precisamente os modos de acondicionamento (barris ou bidões etc.) do vinho para os soldados em campanha nas colónias.

Regulamento da Manutenção Militar (1929):

Existe esse documento, mas o texto completo do regulamento antigo não revela (pelo que pude ver) no sumário ou índices públicos que haja uma cláusula que fixe dose diária de vinho para tropas em campanha (Imprensa Nacional).

Decreto-Lei 329-G/75, de 30 de Junho:

Unificava rações, alimentação por conta do Estado, etc.; no seu artigo 1.º obriga que a alimentação tenha valor nutritivo adequado e que as rações sejam compostas de “víveres, decompostas” em refeições.  0,40 litros era então, em 1975, a  ração diária de vinho a que tinha direito qualquer ,militar dos 2 ramos das Forças Armadas ( Diários da República - Versão do cidadão).

Fontes antropológicas / estudos sobre consumo de álcool:

 Há um estudo “Consumo de álcool e alcoolismo durante a Guerra Colonial Portuguesa; uma perspetiva antropológica”,  de Vasco Gil Calado, que fala dos usos sociais e consumo real de bebidas alcoólicas pelos militares. O estudo mostra que o consumo era frequente e as autoridades toleravam certa embriaguez, mas não apresenta um regulamento militar oficial que fixe uma dose padrão de vinho por dia (Journals OpenEdition).

Conclusão provisória

Não encontrei até agora prova documental de que a dose oficial fosse ¼ litro de vinho por dia. Essa medida se encaixa na lógica das rações militares ou de certos suplementos alimentares, de forma adaptada ao contexto, mas parece mais uma reconstrução com base em testemunhos do que algo regulamentar explícito, pelo menos segundo as fontes acessíveis (ChatGPT).


2. Em conclusão: mesmo sem termos acesso direto aos regulamentos da Manutenção Militar, e esperando o contributo decisivo dos nossos camaradas SAM (os vagomestres das companhias e os "intendes", a malta do BINT - Batalhão de Intendência), parece-nos razoável avançar com a dose diária dos dois copos de vinho, um por refeição, perfazendo 2,5 dl (já com o gelo adicional, quando o havia, o que era um luxo em muitos sítios). 

Certas categorias de pessoal deveria ter acesso mais facilitado ao vinho (os graduados, a equipa do vagomestre, o pessoal da cozinha...). Como também abstémios, admitimos que havia malta que bebia o dobro ou até o triplo. Um alcunha que vamos encontrar nalgumas subunidades do mato é... o "esgota-pipos".

Total de consumo de vinho, por companhia e por ano: 0,25 l por dia x 30 dias = 7,5 l x 12 meses= 90 litros = 18 garrafões de 5 l x 160 homens (1 companhia) = 2880 garrafões de 5 l = 14 400 l = 144 hectolitros...

Se subirmos a ração diária de vinho para os 0,4 l  (1 copo de 2 dl por refeição), as contas da logística complicam-se ainda mais:  

(i) c.146 litros "per capita", anualmente:

(ii) 23 360 litros (233,6 hectolitros) por companhia anualmente.

Que logística suportava este consumo ? Só por mês, seriam cerca de 400 de garrafões de 5l, ou 40 barris de 50 l, ou 10 bidões metálicos de 210 l...

Temos de concordar que era uma logística complicadíssima (para não dizer inexequível) para muitas das c. de 220 guarnições militares da Guiné (aquartelamentos e destacamentos), muitas delas de difícil acesso, sobretudo na época das chuvas, e que podiam ficar isoladas, ainda por cima em zonas de guerra. 

Veremos isso melhor em próximo poste: transporte, vasilhame e outros problemas logísticos.

(Continua)

(Pesquisa: LG + Assistentes de IA (ChatGPT, Perplexity, Gemini, Meta, Deep Seek, Mistral)

(Condensação, revisáo / fixação de texto, negritos: LG)

__________________

Nota do editor LG:

Último poste da série > 18 de outubro de 2025 > Guiné 61/74 - P27323: O vinho... pró branco de 2ª e pró tinto de 1ª (2): qual era a ração diária em campanha ? Um copo à refeição, 2,5 dl por dia ? Se sim, uma companhia no mato (=160 homens) tinha um consumo médio mensal de 240 garrafões de 5 l...

terça-feira, 4 de junho de 2024

Guiné 61/74 - P25600: O armorial militar do CTIG - Parte I: Emblemas dos Pelotões de Caçadores Nativos: dos gaviões aos leões negros, das panteras negras às águias negras...sem esquecer os crocodilos



Pel Caç Nat 51


Pel Caç Nat 52, "Os Gaviões" (Matar ou Morrer)


Pel Caç Nat 53 ("Continuaremos")



Pel Caç Nat 54, "Águis Negras"




Pel Caç Nat 55, "Panteras Negras" (Audaces Fortuna Juvat
A Sorte Favorece os Audazes)



Pel Caç Nat 57, "Os Intocáveis"



Pel Caç Nat 60 ("Fortuna, Audácia")


Pel Caç Nat 63


Pel Caç Nat 64, Bafatá ("Os Leões Sempre Prontos para Tudo")



Pel Caç Nat 65, "Leões Negros"

Pel Caç Nat 67


Pel Caç Nat 69


1. "Armorial" é, segundo o dicionário, "o livro de registo dos brasões". A expressão  "armorial militar" refere-se a um conjunto de brasões, escudos, símbolos, emblemas ("armas", no plural, na terminologia da heráldica)  utilizados pelas forças armadas, permitindo identificar e distinguir unidades ou subunidades específicas (batalhões, companhias, pelotões, etc.). Estes símbolos podem incluir logotipos, bandeiras, insígnias, divisas ou outros elementos visuais, representando a unidade militar e sua história.

Aceitando o desafio do Augusto Silva Santos(*), vamos "revisitar" os brasões, guiões e crachás das unidades e subunidades que passaram pelo TO da Guiné, destacando aquelas que, por um razão ou outra (nome, emblema, divisa...), pode parecer mais original, bizarra, excêntrica, engraçada... E vamos começar pelos Pelotões de Caçadores Nativos (Pel Caç Nat).

No nosso blogue temos referências a 16 Pelotões de Caçadores Nativos, com destaque para o Pel Caç Nat 51, 52, 53, 54 e 63 (com mais de 30 referências, cada um):

Pel Caç Nat 51 (35)
Pel Caç Nat 52 (196)
Pel Caç Nat 53 (61)
Pel Caç Nat 54 (57)
Pel Caç Nat 55 (16)
Pel Caç Nat 56 (24)
Pel Caç Nat 57 (5)
Pel Caç Nat 58 (12)
Pel Caç Nat 59 (3)
Pel Caç Nat 60 (26)
Pel Caç Nat 61 (6)
Pel Caç Nat 63 (100)
Pel Caç Nat 65 (14)
Pel Caç Nat 67 (8)
Pel Caç Nat 69 (2)
Pel Caç Nat 70 (1)

Na coleção do nosso camarada Carlos Coutinho (que teve a infinita paciência de recolher, identificar, selecionar, tratar, digitalizar e divulgar centenas de brasões, guiões e crachás de unidades e subunidades do exército, de todas as armas e dos três teatros de operações)  faltam os emblemas de uma parte dos Pel Caç Nat (no ficheiro que ele nos cedeu gentilmente  há largos anos):  56, 58, 59, 61, 62, 66, 68 e 70. (Se alguém os tiver, que nos mande ao menos uma cópia, em formato digital.)

Também não há, nos livros da CECA (Comissão para o Estudo das Campanhas de África) , fichas destas subunidades, pelo que é difícil reconstituir a sua história e saber quem por lá passou, por onde e quando. E também omissa a sua atividade operacional.

Mas sabemos, pelo nosso colaborador permanente, o José Martins, em que ano se formaram:

(...) "A partir de 1966, os africanos foram chamados a uma intervenção mais activa no esforço de guerra. Foi iniciada a constituição de Pelotões de Caçadores Nativos (Pel Caç Nat) tendo sido formados sete pelotões numerados de 51 a 57

"Estas unidades eram comandadas por um oficial com a patente de alferes, coadjuvado por furriéis e praças especialistas europeias, uma estrutura adaptada à sua dimensão - entre 30 a 40 homens. Neste ano subiu, para 3.952, o número de tropas locais em serviço.

"O ano de 1967 foi um ano de viragem. As companhias de Caçadores existentes foram redenominadas e transformaram-se nas CCaç 3 (ex-1ª CCaçI), CCaç 5 (ex- 3ª CCaçI) e CCaç 6 (ex- 4ªCCaçI), além da formação de mais um Pel Caç Nat, o nº 58.

"Em 1968 foram criados 11 novos Pel Caç Nat, a quem foram atribuídos os números de 59 a 69, e em 1969 foram criadas as CCaç 11, 12, 13 e 14, a partir das CArt 2479 e CCaç 2590, 2591 e 2592, que já tinham uma constituição igual às anteriores companhias existentes do recrutamento local ou foram adaptadas.

"No período entre 1970 e 1973 foram constituídas mais sete companhias de recrutamento local, as CCaç 15, 16, 17 e 18 (em 1970), a CCaç 19, (em 1971) e as CCaç 20 e 21 (em 1973). Em 1973 foi, também, constituído o Pel Caç Nat 70." (...)


2. O Pel Nat Caç 52 é o que tem mais representantes no nosso blogue, a começar pelos seus sucessivos comandantes: Henrique Matos, primeiro comandante (Enxalé, 1966/68), Mário Beja Santos (Missirá  e Bambadinca, 1968/70),  Nelson Wahnon Reis (1971) ,  Joaquim Mexia Alves (Ponte Rio Udunduma, Mato Cão, 1972),  António  Sá Fernandes (1973), Luis Mourato Oliveira (Mato Cão e Missirá, jul 73/ ago 74).... (Todos são membros da Tabanca Grande, com exceção do Nelson Wahnon Reis, que era natural de Cabo Verde.)

O Pel Caç Nat 53 está associado ao nome do Paulo Santiago, seu comandente no Saltinho (1970/72). E o Pel Caç Nat 63 está profundamente ligado ao "alfero Cabral", o nosso saudoso Jorge Cabral (Fá e Missirá, 1969/71).

O José António Viegas representa, no blogue, o Pel Caç Nat 54 (1966/68), tal como o  Mário Armas de Sousa (Missirá, 1969/70).

O António Baldé passou pelo Pel Caç Nat 56 (São João, 1969/70). Tal como o José Câmara (Bachile e Teixeira Pinto, 1971/73).
 
Do  Pel Caç Nat 51 (Guileje e Cufar, 1969/70), temos o Armindo Batata,  seu ex-comandante.

O Hugo Guerra também representa o Pel Caç Nat 55 (Gandembel e Balana) e depois o Pel Caç Nat 60 (São Domingos), entre 1968 e 1970. O Manuel Seleiro também estebe no Pel Caç Nat 60 (Sáo Domingos e Susana, 1968/70). O António Inverno também passou por este Pel Caç (Sáo Domingos, 1972/74). 

Do Pel Caç Nat 57 temos o depoimento do ex-alf mil Fernando Paiva  (Mansoa, Bindoro e Bolama, 1967/69() que nos disse, aqui, que criou esta subunidade,   construiu o destacamento de Bindoro, a pá e pica, e viveu diaramente, ombro a ombro, com os balantas da região do Oio.

Do Pel Caç Nat 58 já sabemos que foi praticamente destroçado no fatídico dia 12 de outubro de 1970, na emboscada de Infandre, Zona Oeste, Setor 04 (Mansoa). 

O Luís Guerreiro, ex-fur mil CART 2410 ("Os Dráculas", "Ou vai ou racha", Guileje, 1968/70) também esteve no Pel Caç Nat 65 (Gadamael e Ganturé, 1968/70).

Quase todos os emblemas (desta amostra) baseiam-se num "animal de estimação":

 (i) aves de rapina ( o gavião, a águia) (Pel Caç Nat 52 e 54); 

(ii) felinos e outros predadores: a pantera (negra) (Pel Caç Nat  55); o leão (Pel Caç Nat 64); o leão negro (Pel Caç Nat 65)  e o crocodilo (Pel Caç Nat 67)... 

Ou então em imagens simbólicas: (iii) duas catanas cruzadas (Pel Caç Nat 51); (iv) uma mão branca e uma mão preta, entrelaçadas (Pel Caç Nat 53); ou ainda (v) duas armas  (G3) cruzadas, sobrepostas pela  Cruz de Cristo  (Pel Caça Nat 57).

O Pel Caç Nat 63 também ostenta a cabeça de um felino (parece ser um lobo). 

Das divisas a mais "guerreira" é a do Pel Caç Nat 52, "Os Gaviões": "Matar ou morrer"...E por baixo do gavião, o brasão ostenta uma caveira... De quem terá sido a ideia original ? 

Já no do Pel Caç Nat 64 pode ler-se: "Os Leões Sempre Prontos para Tudo"...

Panteras negras não existiam na Guiné e leões também ninguém deve ter visto nenhum no nosso tempo... Muito menos "leões negros"...  Mas, como já o dissemos,  a nossa "bicharada de estimação" dava uma boa dissertação de mestrado ou até uma tese de doutoramento (***)... em antropologia, comunicação, marketing, semiologia, artes visuais, heráldica militar, etc.

Para além do nosso apreço e reconhecimento pelo trabalho do Coutinho e dos demais camaradas que com ele trabalham neste campo, no Portal UTW - Dos Veteranos da Guerra do Ultramar, apoiamos também, mais uma vez, a ideia do nosso grão-tabanqueiro António J. Pereira da Costa (no poste P7513, de 27 de dezembro de 2010poste P7513, de 27 de dezembro de 2010):

(...) Creio que temos estado a perder uma coisa importantíssima para a memória 'futura' (será que também há memória passada? Pesada sei eu que há...) e que são os emblemas de peito (crachás) e de braço que usávamos e que hoje poderão constituir algo que se possa juntar aos números das Unidades como algo indelével e que orgulha os seus possuidores. Temos também os guiões que, nem sempre, são iguais aos emblemas. Julgo que por si só já são um bocado da História e muito faladores, como acontece aos brasões, que são 'falantes'.

"Poder-se-ia criar no blogue um 'Banco de Crachás e Guiões' onde seriam inseridos os que se encontrassem, acompanhados de uma resenha acerca da sua feitura: quem deu a ideia, quem desenhou, como foi aprovado, o quem significa, formato, etc. etc. etc. 

"Sabendo-se quais e quantas as Unidades que passaram pela Guiné, rapidamente atingiríamos o pleno e poderíamos expô-los à consideração dos curiosos e outros frequentadores. Nenhum deles foi aprovado pela Comissão de Heráldica, mas isso também não interessa. São distintivos populares (aos gosto dos 'soldados'), como os dos clubes desportivos, de que se aprende a gostar.

"Se calhar era um bom início para uma História das Unidades" (...)

Já agora, o Carlos Coutinho há muito merece honras de Tabanca Grande, memso não tendo passado pelo TO da Guiné!  Fica aqui, desde já, o convite. 

______________


 
(***) Vd. poste de  17 de outubro de 2019 >  Guiné 61/74 - P20249: Brasões, guiões ou crachás (8): A nossa bicharada de estimação ou o bestiário da nossa guerra... dava uma tese de doutoramento em antropologia!

sexta-feira, 31 de maio de 2024

Guiné 61/74 - P25590: (In)citações (266): Vamos identificar as Unidades com as Divisas, lemas e designações mais curiosas e divertidas (Augusto Silva Santos, ex-Fur Mil Inf)

1. Mensagem de Augusto Silva Santos (ex-Fur Mil da CCAÇ 3306/BCAÇ 3833, Pelundo, Có, Jolmete e Bissau 1971/73), com data de 29 de Maio de 2024, com  desafio de identificar unidades conhecidas pelas suas mais estranhas denominações:

Olá Carlos, boa tarde!

Para colmatar de alguma forma a minha longa ausência destas "lides", umas vezes por manifesta preguiça e outras por questões de saúde, aqui vai um pequeno ou pseudo desafio, isto porque não me lembro de alguma vez ter visto referências ao que passo a descrever, mas também é muito provável que já tenha acontecido sem eu ter dado por tal facto, pelo desde já peço desculpa.

Então é assim...

Depois da minha "estadia" em Jolmente / CCaç 3306, onde fui colocado em rendição individual e, após o regresso daquela à metrópole finda a sua comissão, fui colocado no Depósito de Adidos em Brá, no qual fiquei quase todo o ano de 1973 (por certo e por sorte por ali fiquei esquecido).

Durante esse período estabeleci contactos com muitos camaradas, uns que já havia conhecido na EPC / Santarém e no CISMI / Tavira, mas também tive o prazer de conhecer muitos outros que por aquela unidade iam passando, alguns infelizmente com sortes bem diferentes.

Assisti à chegada de muitas Companhias "piras", e também à partida de muitas outras com as suas comissões cumpridas (era praticamente o dia a dia do Depósito de Adidos), mas curiosamente três delas sempre me ficaram na mente, pelos slogans ou denominações pelas quais eram conhecidas/identificadas, agora vindas à memória passado meio século.

Será que alguém ainda se lembra/consegue identificar estas unidades e onde estiveram aquarteladas?

A saber:
- "FERRA O BICO"
- "DEIXA-OS POISAR"
- "COMPANHIA TOYOTA"

De notar que, relativamente a esta última, não era de facto a sua correcta denominação, mas viria a ficar assim conhecida pelo facto de já ter passado bastante tempo sobre o terminus da sua comissão, sem que houvesse ordem para o seu regresso. Esta identificação tinha assim a ver com o slogan utilizado pela Toyota aquando do início da sua comercialização em Portugal, e que dizia que "tinha vindo para ficar". Era o caso daquela Companhia.

Por certo haverá muitas outras igualmente conhecidas por formas curiosas/divertidas.

Forte abraço e saúde para todos!
Augusto Silva Santos


********************

2. Nota do editor CV :

Caro Augusto Silva Santos

(a) - Quanto aos "Ferra o Bico", apenas encontrei uma Companhia de Moçambique, a CCAÇ 4542/72, com esta designação. Não sei se houve alguma na Guiné porque não encontro nenhum registo. Se te vieres a lembrar, informa-nos.


(b) - Os "Deixós Poisar" são a CCAÇ 3549 / BCAÇ 3884, que fizeram a sua comissão em Fajonquito entre 1972/74.

(c) - Por sua vez, a CCAÇ 3520, cuja Divisa era "Os Homeopáticos de Cacine", como bem disseste, por estarem demasiado tempo na Guiné, exactamente 27 meses, eles próprios se apelidaram de "Companhia Toyota". Também adoptaram a designação de "Estrelas do Sul"

(d) - Já agora a propósito, a minha CART 2732, que cumpriu a sua comissão de serviço em Mansabá, tinha como Divisa "Nam Acha Quem Por Armas Lhe Resista", na Guiné o nosso lema era "Venceremos nem que seja a pontapé"

Era engraçado fazer no Blog um registo, não só das divisas mas também dos lemas adoptados em campanha pelos Batalhões e Companhias.

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Nota do editor

Último post da série de 28 DE FEVEREIRO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25225: (In)citações (265): A Guerra. Nos últimos tempos as notícias tendem a ser brutais e deprimentes (Francisco Baptista, ex-Alf Mil Inf)

segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Guiné 61/74 - P25120: Capas da Vida Mundial Ilustrada (1941-1946) - Parte I: embarque de tropas expedicionárias para Cabo Verde, em junho de 1941.... "Partiram alegres e confiantes"...





Legenda (não há idicação do autor da foto):  "Partiram alegres e confiantes os soldados que constituíam o último destacamento de tropas expedicionárias enviadas para o arquipélago de Cabo Verde". (Há aqui um lapso factual: depois deste embarque, em junho de 1941, houve pelo nenos um outro posterior, no mês seguinte, em 18 de julho, no T/T Mouzinho.) 


(A imagem foi reditada, com a devida vénia... LG)




(i)  surgiu em 22 de Maio de 1941, em Lisboa, em plena II Guerra Mundial;
(ii)  publicou-se até no final de 1946, totalizando 278 números;
(iii) teve como diretor José Cândido Godinho (Setúbal, 1890- Lisboa, 1950), e como editor e proprietário Joaquim Pedrosa Martins;
(iv) redação e administração: Rua Garrett, 80-2º Lisboa, telefone 25844.
(v) o nova publicação era apresentada como "documento vivo do que vai pelo mundo", um jornal que "pela ilustração, esclareça e informe e oriente o público - com esse poder de verdade que mais do que a palavra falada ou escrita, a imagem traduz".




Fonte: "Diário de Lisboa" (diretor: Joaquim Manso), sexta-feira, 18 de julho de 1941, p. 5, Cortesia da Fundação Mário Soares > Casa Comum > Arquivos > Diário de Lisboa / Ruella Ramos. (*)

Citação: (1941), "Diário de Lisboa", nº 6700, Ano 21, Sexta, 18 de Julho de 1941, CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_24851 (2017-8-29)

(Com a devida vénia...)


1. Lembrei-me, ao deparar-me com esta capa da "Vida Mundial Ilustrada", do "meu pai, meu velho, meu camarada", Luís Henriques (1920-2012) (*), que fez parte da força de 6 mil e tal homens que foram reforçar a defesa do arquipélago de Cabo Verde durante a II Guerra Mundial.  Esteve sempre no Mindelo, São Vicente, entre julho de 1941 e setembro de 1943.

Foram também como "expedicionários" para Cabo Verde outros pais de camaradas nossos, como o Hèlder Sousa, o Luís Dias e  o Augusto Silva Santos,  ou o nosso amigo, guineense, de origem cabo-verdiano, Nelson Herbert Lopes. Mas também o tio do Mário Fitas. o Joaquim José Fitas.

O meu pai, natural da Lourinhã,  era 1º cabo atirador de infantaria, 3ª Companhia do 1º Batalhão do RI5 (Caldas da Rainha), unidade mais tarde integrada no RI 23 (São Vicente, Cabo Verde, 1941/43). Partiu no T/T Mouzinho, em 18 de julho de 1941, do Cais da Rocha Conde de Óbidos. O Salazar fez questão de lá ir pessoalmente despedir-se das tropas expedicionárias.  Regressou doente, o meu pai, em setembro de 1943. Casou em 2/2/1946. E eu vim a nascer a 29/1/1947.

Quem foi na mesma data, 18 de julho de 1941,  e no mesmo navio, o Mouzinho,  foi o  sold aux enf, Porfírio Dias (1919-1988): lisboeta,  integrava 1º Batalhão Expedicionário do Regimento de Infantaria nº 5, a mesma unidade do meu pai.  Esteve lá dois anos anos e dez meses. É pai do nosso camarada Luís Dias.

Outro expedicionario foi o Ângelo Ferreira de Sousa (1921-2001), pai do nosso camarada Hélder Sousa, natural de Vale da Pinta, Cartaxo, ex-1º cabo n.º 816/42/5, da 4ª Companhia do 1º Batalhão de Infantaria do RI 23...   Esteve na Iha de São Vicente.

Por sua vez, na Ilha do Sal, entre junho de 1941 e março  de 1943, na 1ª Companhia do 1º Batalhão Expedicionário do RI 11, esteve o 1º cabo Feliciano Delfim Santos (1922-1989), pai do nosso camarada Augusto Silva Santos. Ele e os seus camaradas foram depois destacados para a ilha de Santo Antão (até dezembro de 1943).

O Nelson Herbert Lopes (que foi jornalista da VOA - Voz da América) também já aqui evocou o seu pai, Armando Duarte Lopes, uma antiga glória do futebol cabo-verdiano e guineense, Armando Búfalo Bill, seu nome de guerra, o melhor futebolista da UDIB e do Benfica de Bissau, tendo sido também internacional pela selecção da antiga Guiné Portuguesa:

(...) O meu velho entrou para a tropa a 15 de agosto de 1943. Fez a recruta e o treino militar em Chã de Alecrim [a nordeste da cidade do Mindelo, Ilha de S. Vicente, Cabo Verde].,Depois do juramento da bandeira (...) é transferido para Lazareto e São Pedro [na parte oeste, sudoeste da ilha].

Lembra-se perfeitamente do corpo expedicionário vindo da então Metrópole. Termina o serviço militar em janeiro de 1945. Frequenta , como vários outros nativos crioulos, o Curso de Sargentos Milicianos, graduação a que entretanto dificilmente os nativos hegavam... (...)  (**)

domingo, 23 de abril de 2023

Guiné 61/74 - P24245: In Memoriam (476): João B. Serra (1949 - 2023), historiador, professor, programador cultural, biógrafo do escritor e militar Manuel Ferreira(1917-1992) (que esteve com os pais de alguns de nós, no Mindelo, ilha de São Vicente, Cabo Verde, durante a II Guerra Mundial)



João B. Serra > s/l > s/d >  "Almoço dos primos"... Era primo do nosso camarada Manuel Resende pelo lado da esposa deste, a nossa amiga Isaura Serra Resende... Os primos Serra reuniam-se anualmente. O João B. Serra, nascido nas Caldas da Rainha em 22 de abril de 1949,  morreu no passado dia 19, de cancro, doença que lhe fora diagnosticada há 10 anos.



Caldas da Rainha > 9 de maio de 2019 > Última aula do Professor João B. Serra, aqui na foto com Jorge Sampaio (1939-2012).



Lisboa > Centro Cultural de Belém (CCB) > 16 de dezembro de 2017 > O João B. Serra discursando no encerramento das comemorações do centenário de Manuel Ferreira.


Fotos (e legendas): © Manuel Resende (2023). [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. Faleceu passado dia 19, aos 73 anos, o historiador, programador cultural e professor do ensino superior João Bonifácio Serra, natural das Caldas da Rainha. Tem no nosso blogue cerca de uma dezena de referências.

O funeral realizou-se no sábado, dia 22, no Centro Funerário de Cascais, em Alcabideche, onde o corpo foi cremado. justamente no dia em que completaria 74 anos. (*)

A notícia foi-nos dada, logo na quarta feira,  pelo João Rodrigues Lobo , membro da nossa Tabanca Grande, também ele, como o falecido, antigo aluno do ERO (Externato Ramalho Ortigão), das Caldas da Rainha. Sendo uma figura pública, de projeção não apenas regional como também nacional, a notícia do seu falecimento teve ampla cobertura pela comunicação social, nomeadamente na imprensa de referência como o Expresso e o Público. Foi também notícia no jornal Região de Leiria e Gazeta das Caldas, e ainda na imprensa de Guimarães.

Era professor coordenador jubilado do Politécnico de Leiria, Foi também investigador e docente no ISCTE e na Universidade NOVA de Lisboa. Para além do percu
rso académico,  foi programador e presidente da Fundação Cidade de Guimarães, responsável pelo projecto Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura. Foi igualmente presidente do Conselho Estratégico Rede Cultura 2027, entidade responsável pela candidatura de Leiria a Capital Europeia da Cultura 2027.

Mas já antes, de 1996 e 2006, trabalharia com o Presidente da República Jorge Sampaio,desde o primeiro até ao último dia nos seus dois mandatos, na qualidade de consultor, assessor e depois chefe da Casa Civil.

Licenciado em história pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, iniciaria a atividade profissional como professor do ensino secundário em 1970. Ajudou a criar a Escola Superior de Artes e Design de Caldas da Rainha, tendo sido ainda titular, nessa Escola, da cátedra Unesco em Gestão das Artes da Cultura, Cidades e Criatividade.

Autor de diversos estudos sobre temas de história política e social portuguesa dos séculos XIX e XX, e  designadamente sobre a História da República e o republicanismo, integrou ainda a equipa de investigadores encarregada de elaborar uma História do Parlamento Português. Teve um especial carinho pela sua terra natal, Caldas da Rainha. 

Tinha página no Facebook. Era primo do Manuel Resende, pelo da esposa deste. AS fotos que publoicamos são deste nosso amigo e camarada, régulo da ;Magnífica Tabanca da Linha.



2. A sua ligação com o nosso blogue remonta a 3 de abril de 2017, quando nos escreveu o seguinte mail:

Professor Luís Graça,

Através do seu blogue, onde tem publicado informação muito relevante e inédita sobre campanhas africanas efectuadas pelas forças armadas portuguesas, colhi indicações úteis para um trabalho de investigação que estou a realizar.Trata-se de uma biografia do escritor capitão Manuel Ferreira, nascido em 1917, com o propósito de participar nas comemorações do seu centenário que passa em Julho próximo.

O meu pedido de ajuda respeita a imagens que tem publicado no seu blogue sobre a presença militar em Cabo Verde dos expedicionários de 1941. Essas imagens abarcam a cidade do Mindelo, as instalações militares em São Vicente e Sal, dispositivos e operações militares.

Gostaria de poder utilizar algumas delas na exposição que estou a organizar e no respectivo catálogo. Para tal pretendia aceder aos originais, de modo a tentar obter a melhor qualidade de reprodução possível. Se me autorizar, farei a digitalização dos positivos ou negativos que me puder disponibilizar, devolvendo de imediato os originais.

Poderá ajudar-me neste meu projecto?
Fico-lhe muito grato.

João Serra
Prof. Coordenador do Insitituto Politécnico de Leiria



Caldas da Rainha > Museu José Malhoa > 22 de julho de 2017 > Exposição temporária "Manuel Ferreira: capitão de longo curso" > Imagem do RI 5,  cuja secretaria Manuel Ferreira (1917-1992) chefiou, entre 1954 e 1958, e por onde muitos de nós passámos, antes de ir parar à Guiné, durante a guerra colonial (1961/74)...Escritor e investigador, e mais tarde capitão SGE Manuel Ferreira (Leiria, 1917 - Oeiras, 1983) passou por aqui, já depois de ter estado no Mindelo, São Vicente, Cabo Verde (e 1941-1946), e na Índia Portuguesa (1948-1954).

Foi neste quartel, em 1957, quando chefiava a secretaria regimental, e nesta cidade onde viveu 4 anos, que ele escreveu o seu livro de contos, "Morabeza" (publicado no ano seguinte, em 1958).  Será depois  ser transferido para Lisboa. Em 1962, sai o seu primeiro romance de temática cabo-verdiana, o "Hora di Bai". E em 1965 é mobilizado para Angola. como tenente SGE, tendo feito parte até então da direção da extinta Sociedade Portuguesa de Escritores.




T/T Vera Cruz > A caminho de Angola > Em primeiro plano, o ten SGE Manuel Ferreira (Gândra dos Olivais, Leiria, 1917- Oeiras, 1992) a bordo do paquete Vera Cruz em agosto de 1965 a caminho de Luanda. Cortesia de João B. Serra.

Foto (e legenda): © João B. Serra (2017). Todos os direitos reservados.  [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


3. À volta da figura do escritor Manuel Ferreira (1917-1992) e dos militares expedicionários em Cabo Verde, e nomeadamente no Mindelo, Ilha de São Vicente, durante a II Guerra Mundial, trocámos umas dezenas de emails.  Uns meses depois ele agradeceu, publicamente, no seu blogue a colaboração
que lhe prestámos (nomeadamente, cedência de fotografias mas também contactos, na Gândara dos Olivais, Leiria, terra natal do militar  e escritor).(**)

18 de Dezembro de 2017 ·

(...) Um ano depois. Chegou anteontem ao fim, no CCB, o programa de comemoração do centenário de Manuel Ferreira. Tudo começou há um ano, quando, ocasionalmente, me encontrei com a primeira edição de uma uma obra sua, que desconhecia. (...)

Foi uma sessão de homenagem digna a que anteontem se efectivou. Amigos, antigos alunos, admiradores e familiares encheram a sala "Almada Negreiros" para lembrar as múltiplas dimensões daquele que perfaria este ano o seu centenário. Ouvimos os testemunhos de historiadores, escritores, professores de hoje sobre o percurso de vida e a obra imensa, generosa e pioneira de um militar que José Saramago equiparou a um Pêro Vaz de Caminha. Alguém que se aplicou em dar a conhecer a descoberta de novos países - através das suas criações literárias -, num processo em que ele próprio se descobriu como outro.

Não me cruzei no passado com Manuel Ferreira. A biografia que dele fui traçando ao longo deste ano não teve outro antecedente que o da curiosidade em preencher lacunas sobre a produção do livro com o qual me deparei em Dezembro de 2016. O empenho colocado nesta investigação não resultou de nenhum apelo ou solicitação externa. Repito: não me foi pedido nem encomendado.
 
O livro foi “A Casa dos Motas”, publicado em 1956. Esta edição, a primeira, de autor, foi impressa no Bombarral e tem ilustrações de Ferreira da Silva, um ceramista cuja obra tenho estudado e sobre o qual estava a preparar um ensaio (aliás, inserido num volume coordenado por Isabel Xavier, que viria a ser editado em princípios de 2017). A relação entre Ferreira da Silva e Manuel Ferreira, intrigante para mim, constituiu o ponto de partida da investigação.

Falei com pessoas que o tinham conhecido e coloquei a possibilidade de Manuel Ferreira ter sido professor na Escola Comercial e Industrial das Caldas da Rainha. Nenhuma destas diligências foi frutuosa. Manuel Ferreira militar? Essa passou a ser a melhor hipótese. Tentei o Arquivo Histórico Militar. Existia um processo, sim, mas estava ainda no Arquivo Geral do Exército, e para o consultar eu teria de me munir de uma autorização de um herdeiro legalmente habilitado. Fui à procura de um descendente, o Eng. Hernâni Ferreira, e foi assim, e aí, que tudo principiou.

Os elementos que a consulta do Arquivo Geral do Exército me facultou eram fascinantes. Excediam tudo o que entretanto tinha apurado sobre a trajectória de Manuel Ferreira, constante quer das notas biográficas divulgadas nas suas publicações, quer das memórias que o próprio filho e amigos retiveram. Pareceu-me justificado que a celebração do centenário de Manuel Ferreira, em Julho de 2017, pudesse ir além de uma cerimónia protocolar e constituísse uma oportunidade para conhecer a sua biografia. Propus a diversas instituições nacionais que o assumissem e elaborei, com vista a fundamentar essa proposta, um texto com informação relevante inédita sobre Manuel Ferreira, que fiz chegar aos seus responsáveis. (...)

O que me motiva hoje é referir e agradecer a todos aqueles que se entusiasmaram com o projecto de aprofundar o conhecimento sobre Manuel Ferreira e a sua acção, que acompanharam o desenvolvimento da pesquisa, que colaboraram no esclarecimento de alguns dos respectivos passos, que acolheram ou participaram na sua divulgação, que, enfim, manifestaram solidariedade com os meus propósitos e corresponderam com empenho ao que lhes foi solicitado.

Agradeço em primeiro lugar às direcções do Instituto Politécnico de Leiria e da Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha a liberdade de, em sobreposição aos meus deveres profissionais de professor e investigador, desenvolver este projecto de cariz cívico. Senti a presença reconfortante de Rui Pedrosa e de João Santos.

 (...) Agradeço (...) a Adriano Miranda Lima que me dispensou elementos da sua própria investigação.  (...)

 Agradeço a Luis Graça (...), Augusto Silva Santos e Helder Sousa que me proporcionaram elementos dos seus arquivos pessoais. (...)

Num mail de 26 de junho de 2017, 12:35, escreveu-me:

(...) Fui ontem a Gândara dos Olivais. Tive uma cicerone excelente, no trato e no conhecimento, a tua prima Glória Gordalina. O encontro e a conversa com a Dra. Piedade, sobrinha de Manuel Ferreira, foi muito proveitoso. Esclareci melhor ambientes, referências e circunstâncias familiares e fundamentei algumas pistas pelo que ouvi e pelos silêncios que também escutei. Obrigado, Luis. (...)

As fotos do João B. Serra que publicamos acima,  são da autoria do Manuel Resende, nosso camarada e amigo, primo do falecido, pelo lado da esposa do Manuel, a nossa querida amiga Isaura Serra Resende.

Guardo dele a imagem de um homem de trato agradável e afável. E enquanto meu vizinho da Estremadura, sinto que é uma perda difícil de reparar na área da educação, da cultura, e da preservação da nossa memória coletiva. 

 família e aos amigos mais próximos do falecido, bem como ao Instituto Politécnico de Leiria, apresentamos as condolências da Tabanca Grande.

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Notas do editor:

(`) Último poste da série > 10 de abril de 2023 > Guiné 61/74 - P24216: In Memoriam (475): Coronel de Infantaria Reformado, Ângelo Augusto da Cunha Ribeiro (1926-2023), ex-Major Inf, 2.º Comandante do BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70)